Vimos nas colunas publicadas anteriormente, a descrição de um método para implantar um Sistema Integrado de Gestão – SIG. Esta é uma alternativa de solução para a atual crise enfrentada pelos laboratórios clínicos. O sistema é composto por três níveis de gestão, com exigências diferentes, mas que convergem para a chamada “Garantia da qualidade,” definida pela competência dos laboratórios clínicos em produzir resultados tecnicamente válidos para a sociedade, sem, entretanto, deixar de assegurar a competitividade da organização.
O método descrito, empregado pelas organizações na busca do SIG foi o CA – PDCA (C=Check; A=Action; P=Plan; D=Do; C=Check; A=Action – Método de gestão). Inicialmente é feito um diagnóstico (C) do laboratório clínico segundo, por exemplo, os critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). Neste diagnóstico são identificados pontos fortes e fracos da empresa, oportunidades de melhoria e a necessidade de ações imediatas (A), de curto prazo para sanar problemas agudos encontrados nesta fase. A seguir é elaborado um Plano de Implantação de Longo Prazo – PILP, previsto para três a cinco anos de duração, onde são estabelecidos as metas e o método para atingi-las, definindo responsáveis, cronograma e orçamento.
O primeiro nível de gestão do SIG trata da inovação e eficácia, abordando a gestão estratégica de longo prazo e não conhecemos outro caminho para chegar à gestão estratégica de longo prazo a não ser através dos requisitos presentes nos prêmios de qualidade. A variação das exigências entre os principais prêmios mundiais da excelência em gestão (Deming Prize, Malcolm Baldrige National Quality Award, European Quality Prize, Prêmio Nacional da Qualidade e Prêmio Ibero-Americano da Qualidade) não é significativa, porque existe quase que um “consenso” entre eles. Estes prêmios se assemelham muito devido ao fato de serem inspirados e até mesmo baseados uns nos outros, com diferenças quanto ao enfoque principal ou quanto à área de atuação, por exemplo. Vejamos o caso do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), organizado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Seus Critérios de Excelência constituem um modelo sistêmico de gestão adotado por inúmeras organizações de classe mundial. São construídos sobre uma base de conceitos fundamentais, essenciais à obtenção da excelência do desempenho.
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), em razão de sua flexibilidade e, principalmente, por não prescrever ferramentas e práticas de gestão específicas, pode ser útil para a avaliação, ao diagnóstico e ao desenvolvimento do sistema de gestão de qualquer tipo de organização. O MEG está alicerçado sobre um conjunto de conceitos fundamentais da excelência da gestão. Estes conceitos originaram os Fundamentos da Excelência, os quais, por sua vez, são a base dos Critérios de Excelência da FNQ. Estes Fundamentos são os seguintes:
1. Pensamento sistêmico;
2. Aprendizado organizacional;
3. Cultura de inovação;
4. Liderança e constância de propósitos;
5. Orientação por processos e informações;
6. Visão de futuro;
7. Geração de valor;
8. Valorização das pessoas;
9. Conhecimento sobre o cliente e o mercado;
10. Desenvolvimento de parcerias;
11. Responsabilidade social.
Para os laboratórios clínicos é muito importante o fundamento de número “5” (Orientação por processos e informações), cujo conceito é: “Compreensão e segmentação do conjunto das atividades e dos processos da organização que agregam valor para as partes interessadas, sendo que a tomada de decisões e a execução de ações devem ter como base a medição e a análise do desempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis, além de incluírem-se os riscos identificados”.
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) é baseado em 11 Fundamentos da Excelência e colocado em prática por meio de oito Critérios (2010):
1. Liderança;
2. Estratégias e Planos;
3. Clientes;
4. Sociedade;
5. Informações e Conhecimento;
6. Pessoas;
7. Processos;
8. Resultados.
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) é representado pela figura mostrada a seguir, sugerindo uma visão sistêmica da gestão organizacional:
Modelo de Excelência da Gestão®. Fonte: Critérios de Excelência 2010, 2009, pg. 19.
Esta figura, representativa do MEG, simboliza a organização considerada como um sistema orgânico e adaptável ao ambiente externo.
O critério de número “5” (Informações e Conhecimento) é a envoltória dos demais, exatamente pela sua característica de fundamentar as decisões baseadas em dados e fatos conduzindo ao critério “8” (Resultados), onde todas as repercussões são quantificadas.
As informações que seguem são requeridas para a sua construção (Critério 8 – Resultados):
1- Séries históricas de resultados relevantes que permitam analisar a sua tendência recente. Para tanto, é requerida a apresentação de resultados quantitativos decorrentes do sistema de gestão, observando-se pelo menos três períodos consecutivos, coerentes com ciclos de planejamento e de análise do desempenho na organização;
2- Níveis de desempenho esperados – associados aos principais requisitos de partes interessadas – para os resultados que os expressam a fim de permitir avaliar se esses requisitos foram atendidos;
3- Referenciais comparativos pertinentes – para os resultados da organização que são comparáveis – no mercado ou no setor de atuação, na sua região de atuação ou mundialmente a fim de permitir avaliar o nível de competitividade dos resultados alcançados pela organização. (Grifos nossos).
Os indicadores de desempenho de um laboratório de análises clínicas que mensuram os resultados alcançados devem estar alinhados no “Balanced Scorecard” (BSC), importante segmento do Planejamento Estratégico, onde todas as partes interessadas dispõem de indicadores nas perspectivas pertinentes, viabilizando uma avaliação completa de todos os principais processos da organização.
No próximo capítulo abordaremos o segundo nível de gestão do SIG, que trata da melhoria contínua, inerente aos processos de cerificações presentes nas normas do sistema de certificação da International Organization Standardization – ISO.