O estudo é fruto do projeto Cadde e envolve o Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e a Universidade de Oxford
O projeto Cadde (Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus), fruto de parceria da USP com a Universidade de Oxford, tem o objetivo de desenvolver metodologias para antecipar e combater epidemias de arbovírus, particularmente em regiões grandes e muito povoadas. Os arbovírus são vírus transmitidos por artrópodes como os insetos. Os estudos são extremamente importantes, pois buscam pesquisar em detalhes os vetores que causam doenças como dengue, febre amarela, zika vírus e chikungunya – no caso, os mosquitos.
“São várias famílias diferentes dos vírus. Febre amarela, dengue, chikungunya e vírus da zika: existem mais de 200 arbovírus descritos e em torno de 40 que causam doenças em humanos”, revela Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) e coordenadora do Cadde.
“Nós estamos focados principalmente em febre amarela, dengue, chikungunya e zika. Por exemplo, nós vivemos nos últimos dois anos grandes epidemias de febre amarela e é importante entendermos como que o vírus está evoluindo, se está saindo da área urbana, se ele vai permanecer nas florestas da região Sudeste ou se vamos ficar um bom tempo sem ver o vírus até que ele venha novamente da região amazônica”, explica.
Utilizando uma tecnologia em desenvolvimento chamada de metagenoma, a amostra é totalmente sequenciada e se buscam novos agentes. Foi exatamente essa a tecnologia utilizada na descoberta do arenavírus recentemente, o primeiro caso em 20 anos. Inicialmente, a suspeita era de febre amarela. “O paciente [que veio a óbito] chegou no Hospital das Clínicas com quadro muito parecido com febre amarela, mas os exames diziam que ele não estava com a doença. Essa amostra entrou para um grupo que estuda hepatite e foram os primeiros a detectar o vírus no Albert Einstein e, três dias depois, a gente já tinha os dados de seu sequenciamento.”
Recentemente, surgiu a preocupação da epidemia do coronavírus na Ásia. A pesquisadora explica que o projeto Cadde possui tecnologia para ser usada em qualquer outro agente, inclusive o coronavírus, apesar de não ser o foco do estudo. Com informações da USP