Implantação começará em laboratório de Uberlândia e deve chegar ao mercado nacional e internacional em 2020
Pesquisadores do Laboratório de Nanobiotecnologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) se preparam para lançar um novo exame no mercado, uma nova forma de diagnóstico do câncer de próstata. “Em dezembro, ele vai ser implantado em um laboratório privado, como pesquisa de validação de estágio final clínico, e provavelmente em abril ou maio [de 2020] ele será lançado no mercado definitivo nacional, e no internacional a partir de junho ou julho”, explica o professor Luiz Ricardo Goulart Filho, do Instituto de Biotecnologia (Ictec/UFU). Ele também já solicitou o registro de patente brasileira, americana e europeia.
O novo exame é chamado de biópsia líquida, pois se analisa o sangue do paciente. No laboratório, esse sangue passa por duas máquinas: uma centrífuga, que separa as suas partes, e um citômetro de fluxo, que conta e classifica essas partes. Assim, é possível observar a presença de células normais, que se desprendem dos órgãos no processo natural de renovação, e também a presença (ou não) de células tumorais. O resultado sai em menos de três horas, com uma precisão de 96% a 97% e a um custo aproximado de R$ 100 por paciente.
A pesquisa foi financiada por meio de uma parceria público-privada, envolvendo recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) e da empresa privada BioGenetics, de Uberlândia.
Essa empresa começará a implantar o exame a partir de dezembro, mas Goulart espera que a tecnologia também chegue ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Depende de política pública. A gente tem que apresentar para o governo qual é o impacto econômico. Vai ter um impacto em termos cirúrgicos e de números de biópsias. Mais de 75% dos homens vão para a mesa cirúrgica fazer biópsia desnecessariamente”, afirma.
Manter um laboratório como o de Nanobiotecnologia da UFU, que funciona há 30 anos, custa aproximadamente R$ 1,5 milhão por ano, sem considerar as bolsas dos pesquisadores, de acordo com Goulart. São 102 cientistas: 60 usuários permanentes e 42 que vêm de outras instituições. “É uma infraestrutura muito forte e muito cara. Para manter, precisa de muito investimento. Hoje, graças às empresas privadas que financiam aqui é que eu tenho condições de dar manutenção, senão, eu não teria, porque o governo não tem condições de dar manutenção para um laboratório desse porte”, analisa o professor. Com informações da UFU