Nas colunas anteriores foram analisados diversos fatores presentes no universo das análises clínicas, onde se identificou aspectos tais como: a) importância de um laboratório clínico implantar um sistema de gestão profissional visando enfrentar os imensos desafios dos tempos atuais, tornar-se competitivo e ser rentável para os seus acionistas. b) a solução sugerida foi adotar um Sistema Integrado de Gestão (SIG), como decisão para um futuro inteligente. c) após, apresentou-se um referencial teórico sintético sobre o SIG.
Passo seguinte se evidencia que para implantar um SIG, necessitamos de um método e das ferramentas adequadas para atingir o objetivo proposto. Foi escolhido e detalhado o método (PDCA/MASP) e as principais ferramentas por ele utilizadas na implantação do SIG. Ainda, este sistema é fundamentado nos princípios da gestão pela qualidade total (TQC/GQT) e, as ferramentas selecionadas foram: 1- Diagrama de Pareto; 2- Diagrama de causa e efeito (diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe); 3- Histograma; 4- Folha de verificação; 5- Diagrama de dispersão; 6- Carta de controle; 7- Fluxograma.
Finalmente, toda a equipe que forma a força de trabalho do laboratório clínico deve saber utilizar estas ferramentas e serem exímios solucionadores de problemas, através do conhecimento da análise de processos. Todas as últimas colunas abordam um eficiente sistema de gestão com aplicação prática e voltada para laboratórios e clínicas médicas, já implantado em dezenas de organizações, dos mais variados portes, englobando uma escala que inicia em 3.000 exames mensais e atinge 3.500.000.
Trata-se do Sistema de Gestão Custo Certo – SGCC, desenvolvido por nós e sem similar no mercado, com resultados excelentes e quantificados, na busca do incremento da produtividade e da competitividade dos laboratórios clínicos brasileiros. Reiteramos que a nossa intenção é mostrar o que fazer, a razão de fazer e como fazer diretamente nas organizações. Elaboramos a abordagem inicial do SGCC, falamos dos seus objetivos, fizemos um breve histórico e o referencial teórico que fundamenta este sistema.
Abordamos os termos e definições utilizados no referencial teórico do SGCC, tratamos dos sistemas de custeio de uma forma geral e detalhamos os custeios variável e marginal, pois são estes que são aplicados nas clínicas e laboratórios. Passo seguinte iniciamos o trabalho sobre um importante tema para qualquer organização, que é a “Decisão baseada em custos”. Estudamos o “Ponto de equilíbrio”, “Margem de segurança”, “Alavancagem empresarial”, “Formação de preços” e “Estratégias competitivas”. Iniciamos uma nova e importante etapa do SGCC, as suas “Aplicações Práticas”, mostrando como calcular os custos de produção dos exames. Inserido neste contexto, mostramos como calcular o custo nominal (reagentes e descartáveis específicos), consumíveis, calibradores, descartáveis, material de escritório e manutenções. Hoje vamos iniciar a coluna tratando do cálculo do custo variável total (de produção) do exame.
Cálculo do custo variável (de produção) do exame
O custo de produção do exame tomado como exemplo, será o somatório de todos os custos parciais calculados anteriormente. Lembrar que a este total ainda deverá incidir o valor dos impostos que oneram a produção. Este será o custo variável final do exame, conforme explicação detalhada a seguir.
O custo para produzir o exame (custo variável) é fixo na sua forma unitária, isso quer dizer que para realizarmos determinado exame para o Sistema Único de Saúde, o laboratório irá gastar exatamente a mesma quantia ao realizar este exame para um cliente particular. A quantidade de reagente será a mesma, o material de coleta será o mesmo, enfim não há diferença no custo de produção dos exames, o que irá diferenciar é a incidência dos impostos, quanto maior o valor de venda dos exames, maior será o imposto pago. Portanto, o custo unitário de produção de um exame, varia em função dos impostos e esta variação está diretamente relacionada com os valores de venda dos exames.
Cálculo dos Impostos
Para calcularmos os impostos por teste, é preciso um levantamento do total de impostos pago no período de um ano, assim como o total produzido no mesmo período. Agora é só calcular o percentual de impostos pagos em relação ao valor da produção. Exemplo:
De posse do valor percentual de impostos pagos, devemos aplicá-lo sobre o valor de venda do exame. Este resultado deverá ser acrescentado ao custo variável do exame, finalizando assim os custos de produção. Exemplo:
Breve resumo
O sistema de custeio variável/marginal separa os custos fixos (não variam com o volume de produção – exemplo: aluguel, folha de pagamento) dos custos variáveis (variam com o volume de produção – exemplo: reagentes, descartáveis). O custo variável de um exame é formado pela soma de oito componentes: custo nominal, consumíveis, calibradores, controles, perdas, material descartável, material de escritório e manutenções. Ao acrescentarmos um valor de venda à este exame, teremos a incidência dos impostos, e o custo variável será composto então de nove partes: custo nominal, consumíveis, calibradores, controles, perdas, material descartável, material de escritório, manutenções e impostos.
Quando o exame é vendido, teremos a sua margem de contribuição (preço de venda menos o custo de produção). As margens de contribuição dos exames servem para enfrentar todos os custos fixos do laboratório. Quando a soma de todas as margens de contribuição se iguala a soma de todos os custos fixos, será atingido o ponto de equilíbrio, a partir do ponto de equilíbrio toda margem de contribuição passa a ser margem de lucro. Ver esquema simbólico, tipo fluxograma, a seguir.
Nossa próxima coluna continuará abordando as aplicações práticas do Sistema de Gestão Custo Certo (SGCC) para controle de laboratórios clínicos, com o produto “Desempenho da produção”, mostrando o cálculo da rentabilidade de parâmetros (exames), clientes (convênios), equipamentos, setores (áreas) e testes de tabelas de preços.
Até lá pessoal e que Deus vos acompanhe!