Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Grupo Fleury publicaram um estudo inovador no periódico científico Archives of Endocrinology and Metabolism, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). A pesquisa explora os desafios do diagnóstico diferencial da hiperparatireoidismo primário normocalcêmico (HPPN), uma condição rara que pode passar despercebida devido a testes laboratoriais imprecisos.
A HPPN é caracterizada por níveis elevados de PTH – hormônio responsável pela regulação do cálcio no organismo – enquanto os níveis de cálcio permanecem normais. Essa condição exige atenção especial porque pode ser confundida com outros problemas ou até gerar diagnósticos errados por conta de interferências nos exames de laboratório.
A pesquisa envolveu o estudo detalhado de dois pacientes com suspeita de HPPN. Ambos apresentaram altos níveis de PTH, medidos por meio de um exame de segunda geração (ECLIA), mas níveis normais de cálcio. Ao utilizar um método mais moderno (terceira geração), os resultados foram normalizados, confirmando que as medições anteriores foram influenciadas por interferências analíticas. Além disso, foram realizados testes de diluição para verificar a consistência dos resultados.
O estudo concluiu que interferências no exame de PTH podem levar a diagnósticos equivocados e até tratamentos desnecessários, como cirurgias. A pesquisa alerta médicos e laboratórios para a importância de uma avaliação clínica detalhada aliada a análises laboratoriais rigorosas em casos de níveis de PTH elevados, mas sem sintomas claros ou alterações ósseas ou renais.
O artigo também destaca o papel de anticorpos heterofílicos como possíveis causas dessas interferências. Esses anticorpos podem surgir no organismo após infecções, vacinações ou contato com antígenos animais.
O trabalho contou com a coautoria de Dr. José Gilberto Henriques Vieira, Dr. José Viana Lima Jr., Dra. Maria Izabel Chiamolera, Dr. Roberto Massao Takimoto e Dra. Rosa Paula Biscolla, consultores médicos de endocrinologia do Grupo Fleury, além de outros pesquisadores.
“O diagnóstico correto é essencial para evitar cirurgias desnecessárias e preservar a saúde do paciente. Nossa pesquisa reforça a importância da comunicação entre médicos e laboratórios para garantir a precisão dos resultados clínicos”, declara Dra. Maria Izabel Chiamolera.
Acesse o estudo completo neste link.