Em dezembro de 2019, uma série de casos de pacientes com pneumonia de origem desconhecida emergiu em Wuhan, na província de Hubei na China. Prontamente, o antígeno até então desconhecido foi isolado e identificado como pertencente à família Coronaviridae, sendo então intitulado 2019 novel coronavirus (2019-nCoV). No Brasil, o novo vírus ficou conhecido como Covid-19.
A Covid-19 é um vírus de RNA envelopado pertencente à família Coronaviridae que pode produzir dedes de uma infecção assintomática, até complicações respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda, que pode levar a óbito.
No esforço de conter a propagação do vírus, muitos estudos acerca de terapias, métodos preventivos e métodos de diagnóstico da infecção vêm sendo desenvolvidos. Em fevereiro de 2020, um grupo chinês publicou no período The Lancet, um estudo1 com os achados clínicos, radiológicos e laboratoriais de 41 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 através da técnica de RT-PCR (Reverse Transcription Polymerase Chain Reaction). Os pacientes foram divididos em três grupos*, sendo eles: Pacientes Totais, Graves e Ambulatoriais. Dentre os achados referentes às alterações laboratoriais, o artigo destaca:
– Linfócitos: foi avaliado que 63 % dos grupos pacientes totais e 85% do grupo pacientes graves apresentaram linfopenia;
– Tempo de pró-trombina e dímero-D: valores elevados em pacientes graves, quando comparados aos pacientes ambulatoriais;
– AST (TGO): níveis elevados em 62% dos pacientes graves;
– Troponina I (ultrassensível): valores substancialmente elevados em pacientes com acometimento cardíaco;
– Lactato desidrogenase (LDH): aumentado em 73% dos pacientes totais e em 92% dos pacientes graves.
Dada a origem infecciosa, outros marcadores de atividade inflamatória como a Proteína C Reativa também estão alterados em pacientes portadores de Covid-19. Apesar da pequena quantidade de pacientes avaliados por este estudo, os resultados auxiliam na triagem dos pacientes potencialmente infectados pela Covid-19, reduzindo o risco de transmissão do vírus desses pacientes para outros indivíduos hígidos.
Ainda que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenha aprovado em 19 de março de 2020 oito novos kits para diagnóstico da Covid-19 (e em breve certamente haverá mais algumas opções), o país ainda conta com pouca disponibilidade de testes confirmatórios. Por essa razão, é de suma importância a divulgação de dados que auxiliem na triagem desses pacientes, como os que foram acima apresentados.
Outro fator importante a ser observado é a paramentação de segurança necessária para evitar o contágio pela Covid-19. Essa questão é tão importante que um estudo2 publicado na Itália mostrou que, dos 22.512 pacientes diagnosticados com Covid-19, 2.026 eram funcionários do sistema de saúde. O que se tem por consenso hoje, é que os profissionais devem continuar se atentando às medidas preconizadas pelo documento intitulado: “Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores de Saúde”3.
Estamos atravessando um momento de muitos desafios, onde todos precisarão de todos. A Biotécnica reforça o seu compromisso em servir à vida, mantendo com precaução, segurança e efetividade a operação da fábrica de kits, de forma a suprir os laboratórios com alguns dos diversos produtos necessários ao diagnóstico in vitro.
*Os nomes dos grupos de pacientes foram alterados para facilitar a compreensão do estudo.
Referências:
1. Huang C, Wang Y, Li X, Ren L, Zhao J, Hu Y, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. Lancet. 2020;395(10223):497-506.
2. Livingston E, Bucher K. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) in Italy. Jama. 2020.
3. Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores de Saúde, disponível em http://portal.anvisa.gov.br/, acessado em 24.03.2020 às 18:00 horas.
Autor: MSc. Álvaro Tavares