Por Jessica Rayser, Gerente de Produto Accugenix da Charles River
Sobre a infecção mortal resistente aos medicamentos que está causando estragos nos hospitais, o que os laboratórios podem fazer para identificá-la?
Quando a maioria das pessoas pensa em leveduras, o que vêm à mente é o cheiro de um pãozinho quente que acabou de sair do forno ou o sabor de uma cerveja IPA ou de um Cabernet encorpado. Mas as leveduras também podem ser a fonte de infecções graves com risco de vida.
As leveduras são um tipo de fungo que é definido como micro-organismo eucariótico unicelulare. Mais de 1.500 espécies diferentes de leveduras foram descobertas e são encontradas em todo o meio ambiente: no ar, no solo, na pele, em nosso intestino e em alimentos.
Existem várias doenças comuns causadas por infecções fúngicas, chamadas de micose. Por exemplo, a impingem e o pé-de-atleta são causadas por fungos filamentosos, enquanto o sapinho e algumas infecções vaginais são causadas por leveduras. Essas doenças são tratáveis com medicamentos de venda livre ou prescritos.
No entanto, infecções fúngicas causadas por Candida auris, um organismo que coloca muitos hospitais em alerta máximo, também podem levar a doenças mais graves devido à sua comprovada resistência a vários medicamentos. Mais de 600 casos de C. auris foram relatados até agora nos Estados Unidos – principalmente nos estados de Nova York, Nova Jersey e Illinois – e quase metade dos pacientes que contraem a infecção morrem em até 90 dias, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Os laboratórios clínicos que identificam os casos são obrigados a relatar as infecções aos departamentos de saúde municipais, estaduais e ao CDC.
A C. auris foi descoberta em 2009 no Japão e se espalhou rapidamente pelo mundo. Ela pode desencadear uma infecção local no ouvido ou em ferida ou causar uma infecção sistêmica perigosa na corrente sanguínea. A população com maior risco de adquirir C. auris são os pacientes imunocomprometidos. Os primeiros sinais clínicos são febre e calafrios, que são facilmente mascarados por outros sintomas. As instalações hospitalares são afetadas com mais frequência e são necessários agentes de limpeza especiais para higienizar adequadamente os quartos dos pacientes e os equipamentos médicos.
O que torna a C. auris tão perigosa é que ela geralmente é resistente aos principais medicamentos antifúngicos. Existem três classes diferentes de drogas antifúngicas: triazóis, polienos e equinocandinas; cerca de 90% dos casos de C. auris são resistentes a pelo menos um dos medicamentos, e algumas cepas são resistentes a todos estes. É por essa resistência que tem sido tão difícil controlar os surtos.
Outro fator de confusão é a dificuldade de identificação da Candida auris. Existem três métodos diferentes de identificação microbiana: fenotípico, proteotípico e genotípico. As identificações fenotípicas são baseadas em análises bioquímicas e metabólicas. O CDC afirma que “C. auris pode ser erroneamente identificada como uma série de organismos diferentes ao usar métodos fenotípicos tradicionais para identificação de leveduras, como VITEK 2 YST, API 20C, sistema de identificação de leveduras BD Phoenix e MicroScan.” Esses métodos fenotípicos foram originalmente projetados para aplicações clínicas, mas ainda podem ter dificuldade em resolver espécies intimamente relacionadas com base nas limitações técnicas e de banco de dados de referência.
O CDC, portanto, recomenda o uso de métodos proteotípicos ou genotípicos para a identificação de C. auris. As identificações proteotípicas usam a tecnologia MALDI-TOF para analisar os espectros de proteínas da célula microbiana e compará-los a uma biblioteca de organismos conhecidos. As identificações genotípicas consistem em sequenciamento de DNA, especificamente da região ITS2 para identificação de fungos, e são conhecidas como o “padrão ouro” para fornecer uma identificação microbiana.
Devido à natureza analítica e precisa dessas duas tecnologias, ambos os métodos têm maior precisão e reprodutibilidade do que os métodos fenotípicos, tornando-os os métodos preferidos para identificar um organismo tão perigoso que afeta a saúde do paciente. No entanto, ainda é necessário ter cuidado ao usar sistemas diferentes, uma vez que nem todas as bases de dados de referência incluídas com diferentes instrumentos MALDI-TOF permitem a identificação correta.
A segurança do paciente requer um diagnóstico rápido e adesão estrita aos procedimentos de controle de contaminação. Isso se aplica não apenas a instalações de saúde, mas também a instalações de fabricação de produtos médicos e farmacêuticos. Os dispositivos médicos e produtos estéreis não podem conter C. auris.
A vigilância e o monitoramento ambiental devem ser realizados para garantir que um estado de controle seja mantido. É imperativo para isso uma identificação precisa para que o risco para o produto e o paciente possam ser avaliados de forma adequada. Como você está mitigando esses riscos, especialmente dada a alta possibilidade de identificação incorreta de C. auris?
A Charles River oferece serviços de identificação microbiana para instalações de fabricação de dispositivos médicos e produtos farmacêuticos usando tecnologias de sequenciamento de DNA e MALDI-TOF que contêm uma diversidade crítica de organismos, incluindo C. auris, nos bancos de dados de referência. O envio de amostras é fácil por meio do portal da web on-line e seguro.
A empresa oferece tempos de resposta rápidos e rastreamento de dados e análises de tendências sem custo adicional para ajudar na tomada de decisão operacional. Suas identificações precisas e reprodutíveis podem dar a tranquilidade necessária que a empresa precisa.
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Em caso de dúvidas ou maiores esclarecimentos, entre em contato com o SAC da Charles River no e-mail, [email protected].