Realizado a partir de uma coleta simples de sangue, o exame não é invasivo e permite acompanhar os marcadores moleculares do tumor em tempo real
Já está disponível no laboratório Lustosa uma opção de exame que auxilia no diagnóstico precoce e acompanhamento do câncer: trata-se da biópsia líquida, um exame inovador e com alta eficácia.
Segundo a assessora em genética e genômica do Laboratório Lustosa, Fernanda Soardi, a biópsia líquida não é invasiva, é extremamente sensível e precisa. “O exame é realizado a partir da coleta de uma amostra simples de sangue do paciente, não necessitando do fragmento do tumor. Ele permite a análise de diferentes genes e variantes no DNA tumoral circulante (ctDNA), uma fração do tumor que circula livremente na corrente sanguínea do paciente”, explica.
De acordo com a especialista, os benefícios da biópsia líquida são vários. O principal deles é auxiliar no diagnóstico precoce do câncer. “O exame consegue detectar em poucos dias a doença e o perfil de mutações presentes no momento da coleta da amostra sanguínea, até as variantes presentes em pequena quantidade, e acompanha, em tempo real, as variações do tumor, pois é possível realizar esse exame quantas vezes o médico solicitante considerar necessário para observar a evolução tumoral e definir estratégias de tratamento. Já os exames tradicionais, que dependem de uma biópsia do tumor, podem levar semanas ou até meses para se obter um resultado”, compara.
Outra grande vantagem é que o teste pode ser realizado por pacientes que já foram biopsiados, mas que a amostra do tumor se degradou ou o resultado da investigação genética foi inconclusivo.
Devido à possibilidade de realizar o exame várias vezes, a biópsia líquida também permite que os médicos acompanhem como os pacientes respondem aos tratamentos, por meio de dados quase em tempo real. Com isso, os profissionais podem prever se os pacientes precisarão de terapia adicional e se desenvolverão resistência a certos medicamentos, direcionando àqueles mais adequados a cada tipo de tumor. Outro ponto positivo da biópsia líquida é que o exame ajuda a prever também a recorrência da doença antes do aparecimento de sinais e sintomas físicos.
Por tais especificidades, esse exame, na opinião de Fernanda, representa um importante avanço na luta contra o câncer. “Sabemos que quanto mais cedo se descobre a doença, maiores são as chances de cura. Mas, infelizmente, o câncer, na grande maioria dos casos, só é descoberto em estágios bem avançados, quando os tratamentos são mais limitados”, pondera.
A biópsia líquida é recomendada para pacientes que não têm material suficiente para se submeter à biópsia padrão e pacientes que estão polirefratários ao tratamento (com metástases). É também indicada em alguns casos específicos de câncer, como em órgãos “sólidos” – pâncreas, intestino, pulmão, mama, ovário, próstata, melanoma, entre outros. “No caso de câncer no pulmão, por exemplo, um dos exames mais frequentes é a investigação, pela biópsia líquida, de alterações no gene EGFR, que pode apontar três mutações que são informativas para direcionar o tratamento”, observa Fernanda.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima, no Brasil, o surgimento de 625 mil novos casos de câncer no triênio 2020/21/22. Conforme os dados de 2021, a doença mata, anualmente, aproximadamente, 280 mil pessoas. Nesse cenário, especialistas afirmam que é essencial o diagnóstico precoce para que o paciente tenha maior chance de cura.