
A Fiocruz obteve certificação inédita para diagnóstico molecular da febre amarela concedida pelo Quality Control for Molecular Dignostics (QCMD), organização internacional independente e sem fins lucrativos de Avaliação Externa de Qualidade (AQE)/Testes de Proficiência (TP) na área de diagnóstico clínico molecular de doenças infecciosas. A certificação, obtida em maio deste ano, resultou da aprovação do ensaio de proficiência reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para diagnóstico molecular da doença.
“Esse reconhecimento por meio de um programa da OMS mostra que os esforços que temos desenvolvido na Fiocruz Amazônia estão atingindo os objetivos, onde nós cada vez mais nos capacitamos para fazer o diagnóstico das doenças emergentes e reemergentes de importância da região amazônica”, destaca o virologista Felipe Gomes Naveca, coordenador do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados (ViVER) da Fiocruz Amazônia e chefe do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O QCMD é responsável pela gestão e distribuição de mais de 100 programas em mais de 120 países, com mais de 15 mil inscrições de participantes anualmente.
Para o virologista, o trabalho integrado da Fiocruz às demais instituições de vigilância e pesquisa na região é fundamental para a eficiência do trabalho desenvolvido. “Temos sempre trabalhado junto com os órgãos de vigilância em níveis estadual e federal, mas preparados para dar resposta cada vez mais célere diante dos desafios que tem surgido na vigilância de vírus emergentes”, afirma, salientando ainda outras conquistas do ViVER.
“Desenvolvemos o protocolo de diagnóstico de oropouche e mayaro, adotado em toda a rede de laboratórios públicos do Brasil, bem como de diversos países da América Latina, EUA e alguns países da Europa, além de fazermos também a descrição da nova linhagem do vírus oropouche, responsável pelos casos atualmente e que chegou em regiões em que o vírus ainda não tinha sido encontrado”, cita. O ViVER foi responsável também pelo desenvolvimento do protocolo para sequenciamento do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19, tornando o Amazonas o primeiro estado da Região Norte a realizar esse sequenciamento, sendo responsável pela descrição da variante de preocupação Gama, no período crítico da pandemia.
Outra conquista do ViVER foi o desenvolvimento dos protocolos de sequenciamento para oropouche e os quatro sorotipos da dengue, tendo, inclusive, mais recentemente, junto com o Laboratório Central de Roraima (Lacem-RR), descrito a reemergência do sorotipo 3 da doença causada pelo Aedes aegypti. “Alguns anos atrás fizemos a detecção dos primeiros casos de Chikungunha no Amazonas, em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto e, em 2022, fomos, por um tempo, referência para MPOX”. Com informações da Fiocruz