CONECTANDO O UNIVERSO DAS ANÁLISES CLÍNICAS E INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA

Análise de urina: o seu laboratório está oferecendo um resultado confiável?

Aparentemente simples, as rotineiras análises de urina precisam de manejos especiais para não sofrerem interferências. Além das boas práticas dos profissionais, as análises hoje são apoiadas pelo avanço tecnológico, que implica em rígido controle de qualidade para apresentar resultados confiáveis. Confira as recomendações de especialistas

Por Milena Tutumi

A qualidade do resultado do exame de urina depende de múltiplos fatores. É importante que os cuidados se iniciem na etapa pré-analítica, com o preparo do paciente e da amostra, especialmente porque, em muitos casos, a coleta de urina é realizada pelo próprio cliente e em seu domicílio.

A Dra. Kaline Maria Nogueira de Lucena Fonseca, Presidente regional do Rio Grande do Norte da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), explica que a análise da urina é complexa: “São realizadas três fases: análise química, física e morfológica. É necessário muita habilidade, conhecimento e destreza para realização por parte do colaborador”, comenta.

Em relação ao preparo, a Dra. Fonseca ressalta que o laboratório é responsável pelas informações para uma amostra adequada e representativa. Ciente disso, no Grupo Hermes Pardini é feito um trabalho de orientação sobre os procedimentos a serem seguidos na coleta, com o objetivo de garantir a qualidade da amostra.

Mireille Sousa, Coordenadora de Área Técnica do Grupo Hermes Pardini, explica que em exame de rotina, a amostra precisa ser enviada ao laboratório o mais rápido possível. “A coleta deve ser feita após assepsia rigorosa e com um período de retenção urinária de pelo menos duas horas”. No caso de uma urocultura, a recomendação é a retenção urinária de, no mínimo quatro horas, para evitar resultados falsos-negativos.

Dra. Mireille Sousa

Além do desprezo do primeiro jato, o profissional deve orientar o paciente a não tocar a parte interna do frasco de coleta para evitar contaminação. Outra instrução da coordenadora é na coleta de bebês e crianças com coletor infantil, que necessita de assepsia rigorosa antes do uso e deve ser trocado a cada 30 minutos no máximo, até a amostra ser obtida.

Conservação das amostras

Por ser uma amostra de estabilidade curta, a sua conservação para realização do exame ‘urina rotina’ é feita apenas por meio de refrigeração, como esclarece a especialista do Hermes Pardini: “O exame só é oferecido para municípios nos quais o laboratório possui área técnica próxima à unidade de coleta. Caso não seja possível a realização do exame no prazo máximo de duas horas após a coleta, a urina é mantida sob refrigeração entre 2ºC e 8ºC e analisada o mais breve possível, não ultrapassando 8h após a coleta”.

No caso das uroculturas, o Grupo valida e disponibiliza para os laboratórios conveniados tubos com conservante que preservam a urina por até 48h. A orientação é que o envio seja feito sob refrigeração, mesmo com o uso do conservante, para evitar proliferação dos grupos microbianos que podem estar presentes na amostra.

É importante também que o laboratório oriente o cliente sobre o que pode influenciar no resultado, entendendo que essas alterações podem ser significativas e precisam ser consideradas na interpretação do resultado, sempre registrando a hora da coleta e os fatores relatados. A Dra. Kaline Fonseca menciona os principais:

Quando rejeitar uma amostra

Os laboratórios devem se atentar à qualidade dos frascos de coleta. A médica pontua que devem ser de material inerte, seco, limpo, à prova de vazamento e sempre descartáveis. A boca do frasco deve ser larga, o fundo chato e amplo, com tampas rosqueáveis e transparentes para avaliação da cor, turbidez e aspecto da amostra.

“Uma urina excessivamente turva e amostras com grandes quantidades de células epiteliais e fios mucosos podem ser indicativos de uma assepsia inadequada”, explica a médica. Percepções como essas são fundamentais para a rejeição de amostras.

É necessário determinar critérios para rejeitá-las, como a utilização de materiais não identificáveis, dados discordantes na etiqueta, recipientes inadequados, amostras e recipientes contaminados, volume insuficiente, amostras preservadas e transportadas de maneira incorreta e, um dos critério mais importantes, de acordo com a Dra. Fonseca, as amostras estarem congeladas.

Dra. Kaline Maria Nogueira de Lucena Fonseca

“Um resultado com alterações não esperadas e incompatíveis com o quadro clínico apresentado pode também ser motivo para a repetição do exame após constatação e eliminação de um possível fator interferente”, alerta a médica da SBPC/ML. “Além disso, todos os colaboradores devem ser treinados para avaliar o material e, diante de uma interferência, avisar ao paciente que haverá necessidade de nova coleta”, acrescenta.

Mireille Sousa, do Hermes Pardini, adverte que independente do exame a ser executado em urina, recoletas são necessárias em caso de amostras com volume insuficiente para realização do teste ou com conservação inadequada. “O desejável é que o percentual de recoletas por motivo de contaminação seja inferior a 5,0%”, informa. No Grupo Pardini, considerando os exames das lojas de atendimento, em 2022, o percentual de contaminação em urinas foi em média de 1,60%.

Fase analítica e automação

Todas as fases da análise estão interligadas para oferecer uma excelência em resultados. Após um pré-analítico adequado, também na fase analítica, o destaque recai sobre a experiência de colaboradores treinados com conhecimento sobre as estruturas que aparecem no exame e o nível no controle de qualidade realizado. Isso porque, como explica a Dra. Kaline Fonseca, com a automação dos métodos, tanto para exames sanguíneos como para os de urina, o foco deve estar no controle de qualidade.

Segundo a coordenadora Mireille, a automação aumenta a produtividade e garante resultados mais precisos e com menor possibilidade de variações, o que pode ocorrer com maior frequência quando a análise da tira reagente é realizada por leitura visual. Ela explica que, tanto a Urina Rotina quanto a Urocultura, podem ser realizadas por método totalmente manual, mas o uso de automação reduz a interferência humana e traz mais agilidade e segurança ao processo.

O que há de novo na área

A tecnologia dos sistemas automatizados em análise de urina vem melhorando nos últimos anos, como chama a atenção da especialista do Hermes Pardini. “Além da leitura automatizada das tiras reagentes e análise de sedimento por morfologia de fluxo digital, análises das partículas por citometria de fluxo fluorescente também têm sido empregadas, com inovação do sistema óptico, possibilitando melhoria na classificação de partículas”.

O mesmo acontece na avaliação de bacteriúria, com análise das amostras de urina por citometria de fluxo, espectrometria de massas e metodologias baseadas em dispersão da luz, que são capazes de detectar a presença de bactérias e a sua resistência aos antimicrobianos em poucas horas, com boa sensibilidade e especificidade.

O Núcleo Técnico Operacional do Grupo Hermes Pardini hoje tem capacidade instalada para processamento de cerca de 130.000 exames de urocultura por mês.

POSTS RELACIONADOS

APOIADORES PREMIUM

APOIADORES GOLD

MAIS LIDAS