Realizado em São Paulo, o POC Day, primeiro Encontro Latino-Americano de Point of Care, reuniu mais de 180 participantes e 20 palestrantes nacionais e internacionais, entre representantes de grupos de pesquisa, sociedades médicas, grandes empresas do segmento e até integrantes de governos da América Latina. Os testes Point of Care (POC), também conhecidos como testes laboratoriais remotos, são ferramentas para acessar de maneira rápida informações confiáveis para os profissionais de saúde, contribuindo para melhores resultados clínicos, operacionais e econômicos.
Segundo Paula Távora, patologista clínica e uma das idealizadoras do evento, o dia de debates foi fundamental para o amadurecimento de uma discussão a respeito do Point of Care na região. Ela explica que colocar a tecnologia POC em pauta é indispensável num cenário como o vivido na América Latina.
“Os testes Point of Care estão disponíveis para todas as áreas da medicina, da atenção primária à secundária e terciária. Mais do que isso, são utilizados em áreas como gerenciamento de epidemias, doenças crônicas, fluxo hospitalar, doenças infecciosas, toxicologia, cuidado perioperatório, atendimento emergencial e tratamento intensivo”, ressalta.
Durante o POC Day, especialistas de diversos países latino-americanos apresentaram visões diferentes do uso da tecnologia, demonstrando experiências e casos de sucesso, além de trazer à tona discussões sobre acesso e modelos econômicos e regulatório do Point of Care. Para Paula, a oportunidade de reunir tantas nuances diferentes sobre essas ferramentas é ainda mais fundamental no momento atual vivido pelos países da América Latina.
“Pegando o Brasil como base, vivemos um momento em que grandes epidemias, novas e velhas, estão em pauta ao mesmo tempo em que passamos por profundas transformações. Hoje discutimos com afinco temas como acesso à saúde e a viabilidade econômica desse acesso, enquanto tentamos nos preparar para o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas ligadas a essa condição”, aponta.
Com tantos fatores envolvidos, a especialista conta que a tecnologia Point of Care aparece como uma ferramenta do parque laboratorial existente, não como uma concorrente. Um dos exemplos levantados durante o Encontro foi o combate ao HIV no País. Com uma população de 206 milhões e 70% de pessoas em idade sexualmente ativa, seria necessária a realização de 144 milhões de testes por ano para rastreamento e diagnóstico precoce da doença, algo muito além do possível com os laboratórios existentes.
POC Award
Ainda durante o Encontro Latino-Americano, foi realizado o lançamento do POC Award – Prêmio Alere Latino-Americano em Pesquisa de Point of Care. Criado pela Alere, multinacional líder mundial no segmento de POC, o prêmio tem como principal missão promover a geração de mais estudos científicos sobre a tecnologia na América Latina.
Segundo Luis Gonzalez, diretor médico e científico da Alere LATAM, existem hoje muitas experiências utilizando Point of Care em vários níveis, mas é de extrema importância que sejam empreendidos esforços para aumentar o volume e a qualidade dessa produção científica no bloco. A ideia é buscar nesses estudos formas de melhorar a tecnologia para que ela possa trazer ainda mais benefícios tanto para pacientes quanto para os sistemas de saúde, fortalecendo essa produção e pesquisa em nossa região.
“As condições e regras do prêmio ainda serão fechadas e divulgadas, com tópicos, prazos e países participantes, entre outras informações. Será criada uma junta internacional e independente para conduzir o prêmio anual já no primeiro trimestre de 2017 e os trabalhos serão recebidos até o fim do primeiro semestre. Os melhores trabalhos serão apresentados no final do ano, no próximo POC Day, que deve acontecer na Colômbia”, finaliza.
Sobre o Point of Care
Conhecidos como Point of Care (POC), os testes rápidos são ferramentas que permitem acessar informações com agilidade e possuem aplicações que vão desde o diagnóstico de HIV e Dengue até o rastreamento de doenças crônicas e silenciosas, como diabetes. Esses resultados importantes são obtidos muitas vezes após uma amostra simples de sangue ou saliva e em até 15 minutos, dependendo do teste em questão. Por serem realizados com aparelhos portáteis, os testes Point of Care podem ser feitos em atendimentos residenciais, o que ajuda no diagnóstico a tratamento de pacientes com dificuldades de locomoção.
A tecnologia POC tem ganhado cada vez mais relevância para diagnósticos rápidos, seja na atenção primária ou na unidade de emergência para agilizar a tomada de decisão e descobrir alterações ou acompanhar pacientes que já estão em tratamento.
A testagem rápida e portátil também é uma aliada na luta pelo preenchimento de “lacunas epidemiológicas”, chegando a pacientes assintomáticos que não se preocupariam em realizar um exame em curto ou médio prazo, transformando desinformação em informação. Essa facilidade também atua no acesso ao diagnóstico e acompanhamento médico em um cenário em que os sistemas de saúde estão sobrecarregados, como no Brasil.
POC em números
Testes POC podem reduzir para 15 minutos os resultados no departamento de emergência em casos como os de AVC, quando o tempo médio de resposta fica entre 30 e 50 minutos, ou no diagnóstico de embolia pulmonar, hoje realizado em 102 minutos. Já o uso para detecção de drogas, o tempo de permanência pode ser reduzido em 27%, em comparação com o teste de laboratório. Pacientes com insuficiência cardíaca que receberam um teste POC no hospital tiveram o seu tempo de internação diminuído de 11 para oito dias.