Há poucos meses a Adavium Medical anunciou a nova marca de sua divisão de diagnósticos: a Vyttra Diagnósticos, resultado da unificação das empresas Imunotech, Hemogram e Alka. Com isso, a Vyttra Diagnósticos é agora a maior empresa brasileira em reagentes e equipamentos para o mercado de diagnóstico in vitro.
E para saber um pouco mais sobre o processo de unificação e os planos futuros da empresa, o portal LabNetwork entrevistou Claudia Goulart, presidente da Vyttra Diagnósticos e COO da Adavium Medical. Com grande experiência no mercado de medicina diagnóstica, a executiva é economista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem uma passagem importante na General Electric, onde ocupou a posição de presidente e CEO da operação Healthcare para a América Latina. Acompanhe:
LabNetwork – Como foi sua entrada para o setor da Saúde?
Claudia Goulart – Eu ingressei nesse segmento em 2003 quando comecei a trabalhar na área de radiologia da GE e onde fiquei até 2011, época em que ocupava a posição de presidente e CEO da operação Healthcare para a América Latina. Foi quando decidi sair da empresa e partir para um período sabático. Mas a Pixeon me trouxe de volta pouco tempo depois, para uma atividade mais “amena”. Pelo menos era o que eu imaginava (rindo): a de conselheira. Isso porque três anos depois eu já participava de oito conselhos. Aí a coisa já não era tão amena assim, afinal empreender no Brasil não é tarefa fácil. E uma das empresas em que eu estava no conselho era a antiga Advance Medical – hoje Adavium Medical. Isso remonta a 2013, quando foi feita a primeira aquisição do grupo, a Imunotech. Eu havia sido convidada para atuar como conselheira independente por Fred Aslan, fundador e CEO da Adavium Medical.
LabNetwork – Foi depois disso que você assumiu a posição de COO da Adavium Medical?
Claudia Goulart – Sim, o Fred continuou avaliando empresas para formar uma plataforma de consolidação e naturalmente a minha participação neste processo foi crescendo. Em 2014 ele começou a dividir comigo as companhias que estavam sendo analisadas para possíveis aquisições. O que culminou em três transações, uma da área de equipamentos médicos, a Industra, hoje Vydence [empresa que faz parte da holding Adavium Medical], adquirida em 2015, a Alka, incorporada em dezembro de 2015, e a Hemogram, em fevereiro deste ano [ambas que culminaram na criação da Vyttra Diagnósticos]. O processo de diligência foi longo, por causa das questões contábeis, mas foi bom porque todos pudemos nos conhecer melhor. Foi exatamente na véspera do fechamento da transação da Hemogram que eu passei a ocupar a posição de presidente da Vyttra Diagnósticos. A Vyttra Diagnósticos é, então, resultado da unificação da Imunotech, Hemogram e Alka. Uma divisão da Adavium Medical.
LabNetwork – Quais foram os desafios durante o processo de unificação?
Claudia Goulart – Nós trabalhamos muito no entendimento entre as lideranças das empresas e as pessoas que iriam conduzir esse processo para que ele fosse feito de forma eficiente, cuidadosa e pouco intrusiva. Nesse tipo de projeto você precisa atrair as pessoas para trabalharem juntas e não impor a elas uma situação. Apesar de ainda existirem vários CNPJs, as equipes já funcionam como uma só. E o nosso desafio foi exatamente este: como são vários CNPJs e nós somos uma única empresa, nós temos que acessar bases de informação que estão separadas. Nós já tínhamos antecipado essa situação, que estava no nosso planejamento. Mas até novembro devemos ter a integração dessas bases concluída. Fecharemos o ano com uma condição unificada do ponto de vista de informação. Nós trabalhamos com três prioridades: gente, sistemas e processos. Sabendo qual sistema vamos usar e com que equipe vamos trabalhar, podemos unificar processos. Neste momento estamos bem avançados na integração dos processos. A exemplo, já concluímos a integração da estrutura comercial e de assistência técnica, finanças, RH e marketing.
LabNetwork – Passada essa primeira fase, quando a Vyttra Diagnósticos deverá estar completamente consolidada?
Claudia Goulart – Nós já estamos adiantados no processo de consolidação considerando que anunciamos a união das empresas no dia 6 de abril. Nossos parceiros e fornecedores são em sua maioria empresas globais, com processos de diligência e compliance tão rigorosos quanto os nossos. Por isto queremos evoluir rapidamente e de forma sólida, preservando os pilares de compliance da Vyttra Diagnósticos. Nosso objetivo é estarmos com a casa arrumada em janeiro de 2017. Até lá, continuaremos com o trabalho interno de integração e redesenho de processos e trabalhando na concretização de novas parcerias, o que vai acontecer em paralelo. Janeiro de 2017 vai ser o mês que pretendemos ter esta nova plataforma de gestão consolidada. Há uma segunda etapa de planejamento para o ano que vem, que é a implantação de novos módulos de sistema, entre eles os módulos de automação da fábrica de Bragança. Porém, do ponto de vista de interação com o cliente, já estaremos estruturados, mais consolidados e com bastante novidade.
LabNetwork – Como está composto o portfólio da Vyttra Diagnósticos atualmente?
Claudia Goulart – Hoje nós temos uma carteira de mais de 2.500 clientes em todo o país e nosso portfólio é composto por mais de 3 mil produtos de fabricação própria e dos melhores fornecedores, em especialidades como hematologia, coagulação, VHS, imuno-hematologia, bioquímica, imunologia, autoimunidade, microbiologia, biologia molecular e uroanálise. Na fábrica que fica em Bragança Paulista, SP, está a produção de reagentes hematológicos. Nós estamos estudando agora a fabricação local de reagentes de outras linhas. Também está na nossa mira a medicina biomolecular com os testes de PCR, que hoje são precisos e fornecem o diagnóstico rapidamente. Outro aspecto que está em nosso radar é a questão da modularidade de plataforma. Nós entendemos que modularidade traz flexibilidade aos laboratórios, mesmo nos processos semiautomáticos. A modularidade diminui o custo da obsolescência e evita a ociosidade precoce dos equipamentos, agregando valor porque permite flexibilidade e aumento de capacidade na medida que o cliente cresce.
LabNetwork – Como você enxerga os novos modelos de negócio de medicina laboratorial hoje em dia?
Claudia Goulart – Um novo modelo de negócio na área de saúde que eu considero disruptivo é o Dr. Consulta. Ele vai exigir mudanças na forma de tratar o que fazemos em in vitro. Vai demandar de nós capacidade de nos adaptarmos ao novo modelo de atendimento de pacientes, com novos fluxos de atendimento. Esse sistema de consulta rápida vem conquistando seu espaço no mercado e possui demandas específicas. Também vejo o crescimento do uso de máquinas que processem um número pequeno de exames e com amostras muito pequenas, ou seja, os testes rápidos e em Point of Care. As amostras estão diminuindo e os aparelhos também.
LabNetwork – Os produtos de seu portfólio virão com a marca Vyttra Diagnósticos?
Claudia Goulart – Alguns produtos vão continuar com a marca Hemogram por enquanto, mas temos um plano no longo prazo de oferecer um maior portfólio de produtos com a marca Vyttra Diagnósticos. Esse portfólio ainda está sendo avaliado porque ele não pode ser conflitante com o portfólio dos nossos parceiros, ou seja, ele deve complementar as linhas distribuídas. Isso porque nós temos parcerias com grandes indústrias no Brasil com exclusividade e iremos sempre cumprir esses compromissos.
Confira trecho da entrevista em que a executiva explica como foi sua entrada na empresa.